“Na década de 90, dois adolescentes se encontraram no mágico território que é a escola, uma escola pública estadual, localizada no extremo sul da zona sul de São Paulo, num bairro periférico e com recursos escassos.
Ele tinha 16 anos e ela faria 12, esse já era o primeiro desafio: a precocidade! Após se encher de coragem, ele foi conversar com o pai dela, um cabeleireiro, vindo do nordeste e que se estabeleceu e construiu sua história e família nesse bairro.
O pai muito perspicaz pensou que não permitir seria pior, por isso, estabeleceu combinados e limites para o desenrolar do namoro que consistia em um acompanhar o outro até a aula e se encontrarem aos finais de semana durante os competitivos jogos de campeonato futebol e ficar conversando no quintal de duas casas.
O tempo foi passando e o namoro foi resistindo e acompanhando os desafios próprios das vivências dessa idade. Em meados dos anos 90, esse namoro seria encerrado, mas não por vontade deles, mas por uma necessidade. A família dele também de retirantes nordestinos, se vira com a necessidade de regressar ao litoral cearense, ele foi embora com a família em 1994, jurando que voltaria e ela jurando que por ele esperaria.
Os dois perderam o contato. Logo após a mudança ele ainda ligava para o telefone fixo da casa dos pais dela, até o dia em que ela lhe falou sobre conhecer uma outra pessoa, e ali ficou combinado que ele não ligaria mais, que ele seguiria a vida dele e ela a dela com liberdade para conhecerem outras pessoas, amarem outras pessoas e seguirem em frente.
Ela seguiu, concluiu o ginásio e iniciou o magistério, depois foi a vez da faculdade em outro Estado, conheceu outras pessoas, se casou. Ele seguiu em outros relacionamentos, outros casamentos, teve filhos, se mudou várias vezes.
Perderam o contato porque a comunicação tinha uma outra velocidade, os meios eram mais complexos e os jovens tinham um mundo a desvendar. Longos 23 anos se passaram, ambos estavam solteiros, com casamentos findados e por intermédio dos canais de comunicação, a irmã dele e ela se encontraram numa mídia social e na rede social começaram a se falar. A irmã pegou o telefone dela e imediatamente passou para ele, nunca tinham se esquecido. Dessa forma, em janeiro 2017 começaram a se falar e desde então não ficaram mais um dia sem conversar.
No carnaval se encontraram, começaram namorar, em junho desse mesmo ano ele veio para São Paulo. Hoje ele está concluindo o curso de Educação física, trabalha e se adaptou rapidamente ao ritmo desenfreado dessa megalópole que ama, ela continua aqui com sua vida e carreira. Ainda estão se namorando e matando essas saudade de 23 anos de distância.
Não chore nas despedidas, pois elas constituem formalidades obrigatórias para que se possa viver uma das mais singulares emoções da vida: O reencontro. Richard Bach”
Compartilhar nossa história com todos vocês foi uma honra e nos enche de alegria. E, é verdade, tudo acontece e nem sempre temos a dimensão da grandiosidade do amor.
Muito amor, todos os dias, é o q desejamos a todas histórias, de todos vocês. Que vivamos intensamente!
Carinhosamente,
Eliane e Sidnei.